Como anda a participação das mulheres no mercado da Energia Solar?
24 de Agosto, 2022Queremos igualdade de oportunidades em todos os setores! Ou seja, o ideal seria que homens e mulheres pudessem competir na mesma parcela para diversas vagas de trabalho, incluindo para engenharia de energia solar. Afinal, como bem sabemos, sexo, cor, religião e mais não define nossa capacidade profissional, não é mesmo?
Só que, antes de tudo, precisamos também lembrar as mulheres que, sim, todas são capazes de atuar em mais áreas do que imaginam, contribuindo para a construção de um país melhor!
Por exemplo, você já pensou em ser engenheira? Em países mais desenvolvidos do que o nosso, só um quarto da população universitária para cursos de Engenharia é de mulheres – um quarto. E que tal ser engenheira especialista em produção de energia solar? Lembrando que este é um setor que está em grande expansão, sobretudo com a crise de energia, hídrica e de combustíveis que temos vivenciado nos últimos anos. Mas falta visibilidade das mulheres no setor de energia e a escassez de modelos de lideranças femininas no setor que sirvam de inspiração para outras mulheres. Você pode ser esse exemplo! O que acha?
A realidade do setor
Assim como qualquer outro tipo de profissional que visa atuar em certa linha de carreira, as mulheres do setor da energia solar devem estudar muito e buscar sempre por capacitação, estar atentas às oportunidades econômicas, batalhar por sua representação, alimentar seu espírito empreendedor e de liderança, e cuidar da sua saúde e bem-estar. Infelizmente, elas precisam estar preparadas para enfrentar também situações de preconceito. Porque, sim, de acordo com pesquisa realizada pela empresa C40 Cities Finance Facility, 92,8% das mulheres que atuam no setor fotovoltaico já sofreram algum tipo de discriminação ou preconceito, como machismo e desconfiança do trabalho executado. E isso é inacreditável! Estamos falando de uma área de ciência, tecnologia e engenharia!
Mas vale lembrar que a maioria das grandes empresas estão trabalhando para quebrar estes estigmas de gêneros na formação de trabalhos, fazendo diminuir cada vez mais a desigualdade para inserção de homens e mulheres nas carreiras que desejam, e contribuindo para melhorar o desenvolvimento de vários setores. Claro que nunca é demais aumentar a capacitação e incentivo dos funcionários, reconhecimento e credibilidade, desenvolvimento do setor, além de promover programas que combatam assédios e violência de gênero, e criar políticas e ações voltadas ao combate desses casos e garanta condições equânimes às trabalhadoras. E quem pensa ir contra isso deve raciocinar um pouco mais, pois diversidade é um atributo que vem sendo muito cobrado por acionistas e grandes investidores, sobretudo visando as questões de ESG – ambientais, sociais e de governança.
Desigualdade comprovada em números
Óbvio que a realidade está longe do desejado. Quer ter uma noção melhor disso? A empresa de consultoria Greener também divulgou recentemente os dados de uma pesquisa que apontou que das quase 700 empresas que atuavam com geração de energia solar fotovoltaica no Brasil em 2020, 40% não tinha funcionárias do sexo feminino. Entre as mulheres empregadas no segmento, mais da metade estão em cargos não técnicos, mas administrativos ou de recursos humanos. Só 15% das mulheres é que estão em funções técnicas, sendo 12% em projetos de Engenharia e 3% em montagens e instalações de equipamentos e sistemas. Um cenário bem ruim, certamente!
Perfil da mão-de-obra feminina
Outro dado importante levantado pela C40 é que a mão-de-obra feminina interessada em trabalhar com energias renováveis e energia solar é mais jovem que a masculina, entre a idade de 25 e 39 anos. Elas também são bem mais escolarizadas, mas… novamente, pelos mesmos motivos arcaicos, desculpas impregnadas de estereótipos, os profissionais de gênero masculino, em comparação, ganham em média 31% a mais que suas colegas. É mole? Dito isso, é urgente a necessidade fomentar a participação feminina, negra, de baixa renda e outras minorias para tornar o setor mais inclusivo e diverso!
Bem, falando assim, parece que o quadro das mulheres na Engenharia de Energia é ruim, mas não. Em comparação com outras engenharias que estão em alta no momento, como a que lida com combustíveis, óleo e gás, a participação das mulheres na forma de trabalho é significativa, representando 32%, segundo a Agência Internacional de Energia Renovável. No mundo, hoje, há quase 12 milhões de ofertas de empregos no setor – e a tendência é de aumentar cada vez mais com o passar dos anos. Então, bora mulherada preencher essas vagas?!
Dentro e fora do Brasil
No exterior, uma empresa que apoia demais trabalhadoras do sexo feminino é a Hypatia. Em seu país, Áustria, há 19,3% de mulheres nas empresas do setor de energia, sendo 10,6% em posições de liderança; já no setor de energias renováveis esse número saltou para 29,6% de mulheres trabalhadoras, 18,2% em posições de liderança. Bom, não é mesmo? Mas poderia ser melhor, se mais mulheres encaminhassem seus currículos para áreas técnicas. Por exemplo, já faz quatro anos que a empresa alemã 50Hertz, que atua no segmento de transmissão de energia e grids inteligentes, publica anúncios de emprego direcionado a esse público feminino e tenta cumprir essa meta de colocar mais mulheres em cargos de alta gestão.
Então, essa disparidade de gênero no setor de energia deve ser combatido pelas próprias mulheres, pois há espaço para abrigar sua mão-de-obra, basta acreditar e ir à luta! Mas está sem networking? Sem problemas! Você pode ir atrás de programas como da Rede Brasileira de Mulheres na Energia Solar (MESol) para saber de boas oportunidades na área. Fica a dica!
Fontes: Portal Solar, Cesar Engenharia.